24 fevereiro 2008

O preço até era bom...

Ouvi ser referida mais do que uma vez no universo das PME familiares a imagem do “ o tipo não paga, mas, em compensação, o preço que lhe facturei foi bem alto!”. Para um “dono” de empresa sensível a que tão importante como ter um belo resultado de exploração, boas margens, é ter o dinheiro recebido no seu bolso esta anedota diz muito.

Os bancos, nomeadamente americanos, resolveram vender empréstimos a quem tinha dificuldades em pagá-los... a muito bom preço. Um pouco de acordo com o princípio do “quem arrisca, não petisca”. São os “subprime”, ou seja, não há prémio para quem contrata, mas sim um preço forte. E lá foram petiscando entretidos. Quer dizer, acreditando que petiscavam, porque o resultado real desses contratos só poderia ser avaliado no fim, quando o empréstimo fosse completamente reembolsado ao tal preço forte...

Esse excelente negócio cresceu, cresceu, mas com uma alteração do ciclo económico, e toda a gente sabe que a economia tem ciclos, aconteceu o previsível. Esses clientes de risco deixaram de poder pagar. Aquilo que era um bom negócio transformou-se num enorme buraco no sistema financeiro, que embora originário nos EUA, se propaga a nível mundial.

Quando se ouve nas notícias aquele expressão de que os resultados de um banco foram “afectados pela sua exposição à crise dos subprime”, o que isso quer dizer é que directa ou indirectamente esse banco estava a tentar petiscar e ficou “a arder”. Ou seja, o preço era bom, só que os clientes não pagaram. Tenho a certeza que uma série de proprietários de PME que conheço não teriam ficado tão deslumbrados assim com esse negócio, ou, ao menos, nunca se teriam exposto tanto.

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