01 fevereiro 2008

Na saída do ministro

Se eu tiver um problema de saúde ligeiro, deslocar-me 3 ou 30 km é indiferente. Se for uma questão grave, o importante é deslocar-me directamente para o local onde poderei ser tratado com todos os meios necessários. Neste último caso, não me interessa nada fazer escala no tal local próximo. Custam-me a entender, por isso, os protestos populares pelo fecho dos tais locais a 3 km, como se o fundamental fossem os 3 km e não os meios aí disponíveis. Parece haver aqui uma componente psicológica e sugestiva. Como se o facto de “existir algo próximo” seja determinante. Pode ser humano, mas não é racional.

A acrescentar ainda que o SNS não é nem nunca foi um modelo de organização nem de eficiência. Racionaliza-lo e melhorar o seu funcionamento não é um capricho de um governante mas antes uma imperiosa necessidade nacional, evidente desde há longos anos. Confesso ter alguma dificuldade em me recordar de ter visto entidades agora tão protestativas, como a Ordem dos Médicos, a arregaçarem as mangas para trabalhar construtivamente nesse sentido. Não, o seu lado é sempre o da reacção à mudança.

Os partidos da oposição foram tontamente a reboque desses protestos populares emotivos. Já faltava pouco para vermos ser exigida a presença do ministro no Parlamento cada vez que uma ambulância furasse um pneu. E, curiosamente, o resultado sistemático destas boleias nos protestos de rua contra as medidas impopulares mas necessárias é que “amanhã”, quando estiverem no poder, não irão reverter as medidas tomadas mas dizer baixinho: ainda bem que isto já foi feito e que a factura não veio ter à nossa conta!!!

Não se estava a fazer oposição séria. O ministro caiu no que parece ser apenas uma hábil antecipação. É um momento triste, porque pela sua seriedade, frontalidade, competência e determinação Correia de Campos foi um dos melhores ministros da Saúde que já passaram pelo cargo. O país popular e político demonstrou déficit de maturidade.

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