09 fevereiro 2008

Nem ao Diabo lembra


Por vezes custa a acreditar que certos disparates sejam deste mundo. Não é que o arcebispo de Cantuária, líder da igreja anglicana, vem defender o direito de, no Reino Unido, os muçulmanos poderem, em certos aspectos, optar pela lei islâmica, em vez da “lei geral”? Invoca ele que, naturalmente, alguns muçulmanos não se revêem no sistema legal do país. Não dá para entender que uma coisa são as convicções e a fé numa perspectiva individual e, aí, a sociedade europeia tem abertura total e nem vale a pena invocar a questão da (falta de) reciprocidade e outra coisa é o enquadramento social, especialmente os direitos humanos e muito particularmente a condição feminina, só para dar um exemplo?
É inaceitável que possam existir uns “mini-Irão” dentro do espaço europeu. Pode-se dizer que a Sharia (lei islâmica) seria só aplicada nalguns pontos, mas basta começar. Estão a ver uma mulher adúltera a ser delapidada numa praça de Londres, “como manda a lei”, com o devido cuidado para as pedras não serem muito grandes, para não matarem de imediato, nem serem demasiado pequenas a ponto de não magoarem? Ou a ser reivindicado o “direito cultural” à excisão feminina? Ou a poligamia? Ou o divórcio sem acordo e sem justa causa segundo os “nossos” critérios e sem a mínima protecção para a mulher? Eu não estou a ver e não quero ver! Pode a Europa, na sua diversidade, ter problemas de identidade, mas tem princípios básicos sobre os quais não há nem pode haver dúvidas.

Se o objectivo dessa posição do arcebispo é criar condições para uma melhor integração das minorias, o efeito é declaradamente o oposto.

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