11 fevereiro 2008

Sem adjectivos



Recuemos 25 anos para a primeira metade da década de 80, para fixar duas figuras (como já estava a ficar preocupado com o número de vezes em que arrancava com uma frase do tipo : “Há uns 20 anos atrás...”, agora mudei para 25!).

O primeiro é um barbeiro vindo de uma pequena aldeia de Amares para Lisboa que, saído do nada, em 3 efémeros anos deixa uma marca indelével na música portuguesa. As recriações das suas músicas por terceiros e longos anos depois demonstram claramente a universalidade, a riqueza e a intemporalidade do seu talento. António Variações, é claro.

A segunda figura vem de uma pequena aldeia no sopé sul da serra de Arada e é a solista do “Grupo de Cantares de Manhouce”, um dos poucos exemplos, dentro do universo folclórico da altura, que toma o partido da autenticidade e do rigor na divulgação da música tradicional. Na altura eu (sem cantar!!!) trilhava caminhos paralelos e conheci-a num evento organizado lá pela nossa associação, em que, desculpem-me o lirismo barato, a sua voz parecia timbrada pelo fluir dos regatos que descem dos montes. Presenteava-nos com o original do “Tareio”, com aquela do “Quem vai ao Sr da Pedra, vai ao céu e torna a vir...” e outras mais. A seguir, começa a ser vista aqui e acolá, tendo a sua primeira aparição mais mediática sido na “pronúncia do Norte” dos GNR. Isabel Silvestre de seu nome.

Em 94, 10 anos após a morte do criador sai o álbum tributo “As canções do António” em que essas duas figuras se encontram. Na altura eu estava ausente de Portugal e só o detectei bastante mais tarde quando já tinha desaparecido das lojas. Nunca procurei e perguntei tanto por um CD. Finalmente reapareceu e já não me escapou. Dentro dessa colectânea está o “Estou além”, interpretado pela Isabel Silvestre. Não vale a pena ir à procura de adjectivos: basta ouvir.
Fotos Googleadas sem referência de origem

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