28 outubro 2007

Douro



Um espaço tão confinado de vales cavados e, ao mesmo tempo, tão aberto e tão gigante. Caminhos que se cruzam, desaparecem e renascem. Como se se circulasse preso em torno do leito encantado e, ao mesmo tempo, com liberdade para nos perdermos num recanto que faltava descobrir. Cada cabeço vigia os seus irmãos, onde a proximidade visual tantas vezes esconde uma inesperada e sinuosa lonjura.

Não haverá outro lugar tão vigorosamente transformado pelo homem, tão rude e tão harmonioso. O Douro é um espaço árido de pó e xisto agreste e magnânimo de frutos doces e olorosos.

E, por vezes, mais do que no assombro de uns socalcos íngremes ou na vista esmagadora do alto de uma fraga monumento, a emoção está simplesmente numa fila de oliveiras e num tapete de videiras.

(Podemos ir buscar todo o arsenal de vocabulário que quisermos e pudermos para caracterizar o Alto Douro que nos faltará sempre qualquer coisa...)

3 comentários:

Maria Manuel disse...

Pode faltar, mas muito fica dito sobre o teu conhecimento e o teu gosto por este território singular.
Bonito texto.

Titá disse...

De facto, as palavras nunca chegam quando queremos descrever tamanha beleza...

Anónimo disse...

Ó Tita, por esta fotografia?