03 junho 2007

Um craque!

O Neca era espertito, mas um pouco para o preguiçoso. Gostava de carros e se se tivesse aplicado, talvez tivesse conseguido concluir a licenciatura em engenharia mecânica. Ou talvez não. Apenas frequentou parte do primeiro semestre e não foi mais longe porque “não quis”. Se tivesse querido, não teria tido nenhum problema em acabar o curso, mas não quis. Não esteve para se chatear.

No seu carro novo, o Neca encontrou um problema de concepção. O detector da tampa do motor aberta deixara de funcionar. Foi ver e descobriu que trabalhava numa zona mole que cedeu. Teria bastado deslocá-lo para uma zona rígida para ele voltar a funcionar. O Neca não o mudou porque dava trabalho e ele tinha mais que fazer mas, naquele dia, o Neca sentiu-se mais importante do que todos os milhares de engenheiros que tinham trabalhado na concepção do automóvel. Do que aqueles que tinham projectado a estrutura, o motor, os travões, a suspensão, a direcção, o sistema electrónico e por aí fora. Ele, se lá estivesse, teria detectado e sugerido uma correcção para aquele erro. Ele, com apenas meia frequência de um semestre, tinha visto o que àquele bando de incompetentes tinha escapado.

O Neca repetia a sua história no café, pleno de orgulho e de menosprezo pela legião de incapazes que ganhavam fortunas para depois fazerem asneiras daquelas. Imaginem só o que ele poderia ter sido se tivesse terminado o curso! O Neca? É um craque!!!

2 comentários:

Maria Manuel disse...

:-) E o mundo está cheio de Necas...! A basófia é tentativa de superação da frustração.

Carlos Sampaio disse...

MM

Acho que é mais do que basófia e frustação. É ingorância arrogante e desonestidade intelectual, assumida ou inconsciente.