O alarme disparou na Noruega, quando descobriram que os seus autocarros de transportes públicos de um fabricante chinês estavam “conectados” sem eles saberem… A marca em causa, Yutong, tentou tranquilizar os ânimos dizendo que os dados recolhidos não iam para a China, ficavam armazenados na Alemanha. Grande consolo!
O problema não será apenas com autocarros, nem com China,
nem apenas com veículos. Cada vez mais usamos equipamentos que por facilidade
de manutenção e não só, de alguma forma conversam com um mestre algures. Até os
pneus Pirelli estão sob escrutínio por existirem versões conectadas e terem
parte do capital em mãos chinesas… penus !!!
Há diferente dimensões. Os códigos e políticas de uma
empresa estatal chinesa são diferentes (quando conhecidos) dos de um fabricante
ocidental, eventualmente cotado em bolsa. Considerando que essa ligação pode servir
para recolher informação, como também para passar ordens, esta última opção à
mercê de uma grande potencia mundial é um risco brutal. Se eles se zangarem com
um país podem-lhes parar os autocarros, metros, veículos particulares e sabe-se
lá que mais… Neste momento uma situação destas é bastante improvável, até
porque seria comercialmente suicida, mas isto ser possível não é nada confortável.
Quando falamos apenas na recolha de informação, de recordar
que esta é hoje um ativo enorme. A fantástica IA vive de sofisticados
algoritmos que correm em poderosos equipamentos informáticos, mas o seu
combustível é informação/dados. Sem isso seria inútil. A recolha de dados
valiosos sem o consentimento/conhecimento de quem os gera é uma espécie de
roubo… que aliás já acontece cada vez que abrimos uma página na internet.
Há ainda outra preocupação sobre o acesso a esses dados.
Podem as entidades que os recolhem terem todos os protocolos e procedimentos
para a sua proteção, mas há sempre alguém que pode furar e lá chegar e, às
vezes, nem precisa de ser um grande hacker. Um amigo meu cuja mulher trabalhava
no seu banco, contava-me que por vezes ela lhe ligava depois de ele pagar à
saída de uma loja, dizendo-lhe: “já que estás aí, compra-me isto”.
Em resumo, entre o espiar, e eventualmente controlar, a
frota de transportes públicos de uma grande cidade e ver os movimentos
bancários do marido, a diferença é enorme, mas o mundo é o mesmo.

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