11 agosto 2021

Fim (do desenvolvimento?) dos motores de combustão


Há cerca de 4 anos, Carlos Tavares, na altura com as rédeas da PSA, Opel e Vauxhall, surpreendia meio mundo no salão de Frankfurt ao afirmar que evoluir para exclusivamente veículos elétricos, era um sinal de que “o mundo está louco” e que os políticos estavam a tomar decisões sem pensar em todas as consequências e sem equacionar toda a preparação que tal mudança exige.

Recentemente, agora acrescentadas a Fiat e a Chrysler na Stellantis (estes novis grupis têm sempre nomis assim sonantis), veio dizer que o grupo vai mergulhar a fundo nos eletrões, a DS sem motores de combustão em 2024, a Alfa em 2027, a Opel em 2028 e a Fiat a 2030. É certo que a “Europa” decretou o fim dos motores de combustão para 2035 e nestas coisas é inglório tentar ser salmão e nadar contra a corrente.

É também certo que à velocidade a que estas tecnologias evoluem, muito pode acontecer até deixarmos de ver pistões nestas marcas, mas isto parece-me um pouco pôr o carro à frente dos bois. Se na bela Europa ainda não se consegue garantir toda a mobilidade de forma elétrica, que dizer do resto do mundo onde muitas vezes o fornecimento de energia elétrica para necessidades básicas não está assegurado, nem ninguém pode prever se/quando ficará resolvido.

E é ainda certo que, para os pequenos citadinos, o elétrico carregado à noite faz todo o sentido. Mas, por curiosidade, ao consultar a página da Fiat, um grande especialista de pequenos carros dentro do grupo Stellantis, encontrei um Fiat Panda (até com um toquezinho de hibridação), desde 11 470 Eur e o mais barato do outro lado que vi foi o novo 500 Berlina Action… desde 23 800 Eur. Uma certa diferença. Quando não houver mais pistões, o Panda elétrico ou o seu sucessor vai andar porque preço? Em termos de custo total de utilização, pode-se acrescentar que o Panda atual tem um tempo de vida, custo de manutenção e desvalorização bem balizados, enquanto do outro lado, a bateria… traz algumas incógnitas…

Daqui para a frente só dá para especular, mas palpita-me que poderão eventualmente aliviar os apertos progressivos às emissões dos motores de combustão. - Se são para acabar, não nos peçam para continuar a investir em novas gerações de motores Euro X+1 !

E ainda, a Alemanha negocia com a Rússia a construção de uma novíssima conduta de gaz natural… será para “descarbonizar” a mobilidade… ou isso!

E ainda, como reagirá o nosso orçamento de Estado ao fim dos impostos sobre combustíveis? Se já na aflição atual eles não largam nem um cêntimo e preferem legislar sobre as margens … dos outros. Logo se verá, não é?

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