07 agosto 2021

A maldição da bazuca?


Fala-se em “maldição do petróleo” para descrever situações concretas de países que, supostamente abençoados por largos e fastos recursos naturais, acabam por comprometer o seu desenvolvimento a prazo e a criação de riqueza e conhecimento de forma sustentada, soçobrando no fácil vem/fácil vai (a ausência de dificuldades não aguça o engenho) e com todo um rol de más práticas e de irresponsabilidade, eventualmente criminais, na gestão da riqueza que chega sem esforço.

Felizmente Portugal não tem recursos naturais próprios, mas talvez desde a pimenta da India e do ouro do Brasil que criamos um pouco o hábito de gastar sem ter que nos esforçar muito em criar. A questão neste momento não é, no entanto, atirar as culpas a D. João II. A questão é que a famosa bazuca europeia, que se já pode começar a ir buscar ao banco, mesmo sem kalachnikov, é mais um dinheiro fácil que corre sérios riscos de partir de forma fácil.

Independentemente de alguma utilização racional, séria e geradora de riqueza sustentável, quase apetece dizer… deixemo-nos de viver de donativos e passemos a fazer pela vida com as nossas próprias mãos e cabeça. O histórico da procurada e falhada convergência europeia sugere que a receita não funcionou como se esperava. Fazer o mesmo, esperando resultado diferente, não é inteligente.

2 comentários:

jorge neves disse...

Já começou pela segunda edição das "Novas Oportunidades".

Carlos Sampaio disse...

Pois.. dinheiros novos, vícios velhos... só não sei se isto acontece por incapacidade de fazer diferente ou... outra coisa.