13 outubro 2020

O dia em que o PS morreu


 

Após o 25 de Abril, o PS tornou-se rápida e claramente o maior partido português. Para lá da empatia e bonomia de Soares, havia um grande desejo de mudança, de progresso e de justiça social, mas em contexto ocidental. Sábia a escolha do povo. Era a vontade de uma coisa assim tipo Suécia, quando o outro partido, que na altura ainda não se chamava social-democrata, para muitos cheirava um pouco à antiga senhora.

Hoje, esse PS está morto e não é questão de lamentar a ausência dos fundadores, não foram santos e limpos como muitos imaginam. E ao executor darei um nome: Sócrates. Se não há virgindade antes do mesmo, a escala deste é outra e a sua herança assusta. Independentemente do resultado do processo que corre na justiça, ele está politicamente acabado, mas tanta trafulhice não é nem pode ter sido obra de um homem só, por mais poderoso que fosse. Houve Sócrates e houve companhia.

E à morte darei um momento. Quando António José Seguro foi saneado pela companhia.

E hoje podemos passar a certidão. As mudanças na Procuradoria Geral da República e no Tribunal de Contas, para lá de coisas de importância formal menor, como Vitor Escaria no gabinete do PM, atestam que a companhia está pujante e bem instalada. Atestam que o se o cancro até pode ter nascido com Sócrates, não morreu com o seu afastamento.

O PS, tal como muitos o viam em 1974, está definitivamente morto e ai, ai os populismos! São uma séria ameaça.

Imagem: versão impressa no Público de hoje.


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