24 janeiro 2019

Banca do Povo?


Sim, todo o negócio tem risco e registarem-se perdas numa atividade é normal. Convém não ser sempre, nem em escala que ponha em causa a sobrevivência. Sim, quando se fala em salvar os bancos e no tratamento especial de que eles beneficiam quando estão em apuros, a razão principal para essa diferenciação não é proteger os donos dos bancos, mas os bens de quem lá confiou os seus ativos.

No entanto, há bancos e bancos, perdas e perdas. O que se tem sabido recentemente sobre as perdas registadas na CGD vai para lá do normal em negócios e em bancos. A razão principal para o descalabro é a interferência e irresponsabilidade política. Desde a nomeação de personalidades como Armando Vara para a administração até ao financiamento descuidado de projetos “parapúblicos” voluntariosos, como o da Artlant/La Seda, tudo isto é política no seu pior. O envolvimento direto e indireto da CGD na luta pelo controlo do BCP é… nem sei que lhe diga.

Há quem afirme ser importante haver um banco público, “nosso”. Atendendo a que já não existem praticamente bancos portugueses em Portugal, inclino-me a dar-lhes alguma razão. No entanto, se é para ficar às ordens de comissários políticos e a criar buracos de milhares de milhões, mais vale não haver. Convém não esquecer que essa fortuna queimada vem de todos nós e tudo o que ardeu nesses devaneios, poderia ter servido para outras aplicações criadoras de riqueza e bem-estar.

2 comentários:

jorge neves disse...

Aparte ideologias, qual a necessidade de Portugal ter um banco publico? Admitindo que se arranjam argumentos válidos, e arranjam-se sempre, mostrem-me onde esteve a Caixa pelo menos nos últimos 40 anos? Foi sempre o banco do governo, útil para os amigos do momento,o que é muito diferente de ser o banco do país. Para publico já chega o Banco de Portugal.

Carlos Sampaio disse...

Há muitas áreas sensíveis em que o Estado deve regulamentar e fiscalizar sem ser necessário para isso ser o dono e o gestor de primeira linha. Neste caso da banca, acho que pode ser um pouco diferente.

Em termos de relações internacionais, e especialmente quando do lado de lá está uma entidade pública, o facto de o banco de cá ser público tem algum peso. Nos tempos da troika e do lixo a CGD era vista lá fora com um pouco mais de respeito e, nalguns casos, mesmo como o único correspondente aceite.

Obviamente que um banco “nosso” podia ter mais facilidade em ajudar os “nossos” do que um banco, por exemplo, espanhol, mas na prática, a prática praticada não foi sã e suspeito que com a classe política que temos dificilmente o será.