07 agosto 2018

Bulas académicas


“Segundo relatou o próprio “X”, quando rebentou o escândalo, teria acordado pessoalmente com o responsável do curso umas condições vantajosas para obter o diploma. Não precisava de ir às aulas. Não precisaria de apresentar tese final. Teria equivalência inicial a 18 das 22 cadeiras do curso, correspondente a mais de 80% de toda a matéria e 2/3 dos créditos exigidos. As restantes 4 seriam aprovadas apresentando uns trabalhos que somaram apenas 95 folhas no total.”

Quem será este “X”? Um Relvas ou algum jotinha que se desenrascou para ter um canudo expresso? Não. Trata-se de Pablo Casado, recentemente eleito líder do PP espanhol. Não começa com o pé direito… “Contigo cresce Espanha”, está escrito no púlpito.

O relato do contexto deste percurso académico no Instituto de Direito Público da Universidade Rey Juan Carlos inclui outras anedotas deliciosas, como gente que teve direito a diploma, desconhecendo até estar inscrito no curso.

Pode-se traficar saber, esforço e mérito por estes arranjinhos, remunerados em numerário ou em espécie, a pronto ou a prazo? Pelo princípio, obviamente que não. Descredibiliza e desautoriza quem devia ter um comportamento eticamente exemplar.

Se numa empresa normal alguém for contratado apresentando habilitações falsificadas, o mais certo é ir para a rua no dia seguinte a isso ser descoberto. Os políticos são, de certa forma, contratados por nós e, como tal, passíveis de escrutínio e merecedores de intolerância face à falta de seriedade. Lá como cá, à esquerda, à direita … e vice-versa.


Fotografia EFE

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