31 janeiro 2017

A infância por Brel


O Senhor Jacques Brel, que eu aprecio há muito tempo, de quem tenho a obra completa há vários anos, continua, de vez em quando, a aparecer e a conseguir surpreender-me.
Para falar assim da infância, é preciso ser-se um grande adulto ! 

A infância, quem nos pode dizer quando acaba, quem nos pode dizer quando começa, não tem nada a ver com a imprudência, é tudo o que ainda não está escrito.

A infância que nos impede de a viver, de a reviver infinitamente, de viver a retornar no tempo, de arrancar o fim do livro.

A infância que pousa nas nossas rugas, para fazer de nós velhas crianças. Eis-nos jovens amantes, o coração cheio, a cabeça vazia. A infância, a infância.

A infância é ainda o direito de sonhar e o direito de voltar a sonhar. O meu pai era pesquisador de ouro; o problema é que o encontrou.

A infância, é meio-dia cada quarto de hora e quinta-feira cada manhã. Os adultos são desertores, todos os burgueses são índios.

Se os pais conhecessem a infância, se os mais pequenos amantes soubessem, se por acaso eles conhecessem a infância, nunca mais haveria crianças, nunca

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