24 janeiro 2017

E um Almaraz blues?

Estávamos nos inícios da década de 80 e correu a notícia de que Espanha planeava construir um cemitério nuclear em Sayago, lá em cima, junto ao nosso Nordeste. É uma prática habitual os projetos nucleares serem realizados junto às fronteiras; em caso de acidente, metade do problema é imediatamente exportado.

Ainda não tinha ocorrido Chernobyl, muito menos Fukushima, mas, independentemente da razão e do risco real, a mobilização foi enorme. Ninguém queria um Douro sob risco reativo. O protesto até ficou registado no “Sayago Blues”, da dupla Rui Veloso/Carlos Té.

Por estes dias, já depois de Chernobyl e Fukushima, Espanha tem uma central nas nossas portas a funcionar em extensão do tempo de vida e anuncia querer aproveitá-la para depósito de resíduos e… está bem, … o governo português vai protestando…, e a sociedade civil?

Nesta época em que é tão fácil manifestar indignação, em que meio mundo se levanta e solidariza com a imagem de um cão sujeito a maltratos ou abatido por mau comportamento, Almaraz, é uma palavra que deixa a malta indiferente? O pessoal anda preocupado e indignado com a eleição e a investidura do Trump; entretido a praticar o tiro ao Coelho e a quem o apoiar, a comentar, apoiar ou criticar as selfies do Presidente; a decretar juízos e valores sobre taxistas e Ubers, enfim…

Reconheçamos que riscos nucleares não são um problema do “Now!”.

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