Detroit, a capital histórica da indústria automóvel dos USA, aquela que para muitos é ainda “a Indústria”, a cidade onde foi concebido e produzido o famoso Ford T (foto da fábrica aqui), onde nasceu o conceito do automóvel tal como o conhecemos hoje, declarou-se incapaz de cumprir as suas obrigações financeiras. Por outras palavras, entrou em falência. Dizia-se em tempos que o era bom para a General Motors era bom para os USA e vice-versa. Detroit foi e é a sede da GM, assim como da Ford e da Chrysler, os 3 grandes. Significa esta quebra da cidade emblemática que a GM não está bem? A GM esteve muito mal há poucos anos, mas numa daquelas reviravoltas que infelizmente nem todo o mundo consegue realizar, recuperou e está relativamente bem. Continuam-se a fabricar automóveis nos USA mas deixaram de ser feitos em Detroit e daí este esvaziar da cidade. A indústria automóvel fugiu daquela zona e a causa tem um nome principal: UAW – United Automobile Workers – o poderosíssimo e temível sindicato da indústria automóvel. Aliás, não a totalidade mas uma boa parte dos problemas dos fabricantes históricos há 5 anos, deveu-se precisamente ao facto de a sua base industrial instalada naquela zona não ser competitiva e suportar encargos enormes, herdados dos variados direitos adquiridos pela UAW para os seus afiliados ao longo do tempo. Daí que esta zona fortemente sindicalizada foi considerada como uma peste a evitar para novos investimentos e o que lá existia ficou definhando.
Se claramente a forte tradição sindical é causa relevante, a respectiva interpretação pode variar: para uns a inflexibilidade e a intransigência dos sindicatos mataram a cidade, para outros o “dumping social” praticado noutros estados nunca deveria ser permitido. É fácil discutir longamente sobre o assunto, como é fácil constatar que a consequência é clara e está consumada.
Passando aqui para este lado do Atlântico e pensando em dois exemplos de locais históricos da indústria automóvel. Em França fecha fábrica após fábrica e a percentagem de automóveis franceses fabricados no país de origem vai diminuindo inexoravelmente. Há uma grande discussão sobre o tema mas os números são claros: os locais em França são menos competitivos. Na Alemanha onde o automóvel está no ADN do país e onde também haveria todas as condições potenciais para se assistir a uma deslocalização irreversível, encontraram-se soluções e a indústria está e lá deverá continuar. O caso alemão de diálogo pragmático e construtivo é um excelente exemplo que deveria ser interpretado e transposto para todos os locais “ricos” (ou que agem como se o fossem), no sentido de evitar “Detroits” em série. Curiosamente, ou não, na Alemanha até há sindicatos fortes, provando que o problema não está em existirem sindicatos. Tudo depende da cultura, como sempre!
Se claramente a forte tradição sindical é causa relevante, a respectiva interpretação pode variar: para uns a inflexibilidade e a intransigência dos sindicatos mataram a cidade, para outros o “dumping social” praticado noutros estados nunca deveria ser permitido. É fácil discutir longamente sobre o assunto, como é fácil constatar que a consequência é clara e está consumada.
Passando aqui para este lado do Atlântico e pensando em dois exemplos de locais históricos da indústria automóvel. Em França fecha fábrica após fábrica e a percentagem de automóveis franceses fabricados no país de origem vai diminuindo inexoravelmente. Há uma grande discussão sobre o tema mas os números são claros: os locais em França são menos competitivos. Na Alemanha onde o automóvel está no ADN do país e onde também haveria todas as condições potenciais para se assistir a uma deslocalização irreversível, encontraram-se soluções e a indústria está e lá deverá continuar. O caso alemão de diálogo pragmático e construtivo é um excelente exemplo que deveria ser interpretado e transposto para todos os locais “ricos” (ou que agem como se o fossem), no sentido de evitar “Detroits” em série. Curiosamente, ou não, na Alemanha até há sindicatos fortes, provando que o problema não está em existirem sindicatos. Tudo depende da cultura, como sempre!
Sem comentários:
Enviar um comentário