19 fevereiro 2013

Felizmente há o ADN

A história da carne de cavalo por vaca surpreende-me imenso. E não principalmente pela aldrabice em si e pela falha dos sistemas de controlo e de rastreabilidade num produto alimentar de grande consumo, o que já não é pouco. Surpreende-me muitíssimo a cadeia de fornecimento da carne. A empresa que recebeu a encomenda para produzir as lasanhas encomendou a carne a um fornecedor de carne. E este, em vez de a comprar de uma forma clara a um produtor, passa por um intermediário no Chipre, que fala com outro na Holanda e que por sua vez compra (arranja…) a carne na Roménia.

Num produto de grande consumo para a grande distribuição, onde supostamente as margens estão esmagadas e as cadeias de fornecimento claras e optimizadas, como pode haver espaço para tantos intermediários? Qual o valor acrescentado de cada um? Numa época de compras em plataformas electrónicas, em que não há problemas de acesso a informação e em que a grande distribuição até faz acordos directos com produtores, o simples facto de haver tanta gente no meio cheira-me a estragado. Isto parece um negócio de oportunidade de alguém que conhece alguém que arranja qualquer coisa que apareceu e que não está disponível ou visível no mercado regular. Esta acessibilidade tortuosa ao produto não pressagia nada de bom. Seja coisa de cavalo, de burro, ou de chico esperto, o mais certo é andarem a impingir-nos umas porcarias quaisquer. Felizmente, para este caso, valeu-nos o ADN.

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