18 outubro 2012

Uma nova era

De uma forma geral a Europa não possui recursos naturais significativos. O nível de vida na Europa, desproporcionado face a outros países intrinsecamente mais ricos, foi e é baseado em “saber mais e fazer melhor do que os outros”. Se às vezes sem grande preocupação quanto a padrões éticos, como, por exemplo, na exploração dos recursos minerais africanos ou nos grandes negócios de aviões, fragatas e outras coisas gordas, na maior parte das vezes a vantagem veio mesmo da genuína capacidade de inovar e de valorizar a criatividade. Parece-me, no entanto, estarmos a chegar a um ponto de exaustão nessa “liderança”. O porquê é uma longa história bastante condicionada pelo império do meio, mas agora falo apenas da evidência e sem sequer referir o caso de Portugal que vai de mão estendida a Angola.

Uma grande parte da riqueza mundial nasce no subsolo nos países naturalmente ricos, com largo destaque para petróleo e afins e ia-se lá recuperar algo do que se lhes pagava pelo ouro negro vendendo produtos sofisticados, luxos e às vezes apenas imagem a preço de ouro amarelo. Apareceram entretanto alguns magnatas do ouro preto que não se limitam a passar grossos cheques, são mais finos e têm uma visão empreendedora. O exemplo mais recentemente e de eficácia notável tem sido o Qatar. Para quem não sabe é de referir que muito do que a rua árabe diz e grita é a Al-Jazira que o dita. Deixemos de lado outros sucessos do Qatar e voltemos ao tema.

Ainda no tempo de Sarkosy o Qatar ofereceu à França uns milhões para investir nos subúrbios desfavorecidos das cidades francesas. A campanha e as eleições suspenderam o tema mas agora parece regressar na figura da “parceria” entre estados. Que França venda as suas jóias da coroa económicas (até mesmo parte da indústria de defesa) ou um símbolo desportivo como o PSG não deixa de ser apenas uma venda. Agora, que precise do Qatar para melhorar as condições de venda das suas populações mais desfavorecidas, é incrível como cenário e assustador como potencial consequência! Virá aí mais uma espécie de primavera, desta vez na margem norte do Mediterrâneo? Se conseguem, não sei, mas que alguém gostaria de o tentar fazer, disso não tenho a mais pequena dúvida.

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