01 abril 2009

“Balboas”? Não, obrigado?


Em passagem recente por Monsaraz ouvi falar de novo na controversa refinaria prevista para Balboa, no outro lado da fronteira. Em primeiro lugar, o investimento parece algo atípico. Uma refinaria “movimenta” quantidades enormes de materiais e a localização economicamente mais lógica é junto a um porto, e dos grandes. Ali, perdida no meio da Estremadura, é estranho. Pensando que se trata de uma zona deprimida, com “incentivos” especiais ao investimento, pode ser apenas mais uma caça ao subsídio. Para estes valores de investimento e respectivo ciclo de vida parece caça grossa demais, mas enfim, eles lá saberão.

A polémica é sobre a componente ambiental. E lá vem um monte de gente afirmar que a poluição por ela emitida irá matar o Alqueva. Talvez possa não ser assim. O impacto de uma unidade deste tipo não pode ser comparado com o histórico do que acontecia há 20 anos. Actualmente existem soluções para tratar qualquer tipo de poluição e legislação para obrigar à sua aplicação. Obviamente que o custo varia conforme a exigência. Assim sendo e estando em causa uma zona tão sensível como a bacia do Alqueva, o Estado Português só tem que colocar a “fasquia” no ponto certo, exigir o seu cumprimento e prever multas bem dissuasoras para o caso de ocorrer um “problema”. Até poderia exigir acesso à monitorização em tempo real das emissões!

Com algumas semelhanças está o projecto da Cimentaurus para uma nova cimenteira em Figueiró dos Vinhos. Em primeiro lugar, com a situação actual na construção em Portugal e em Espanha, surpreende a necessidade de uma nova unidade de produção de cimento, mas eles lá saberão. Do ponto de vista ambiental, diz-se de tudo, até que porá em risco a saúde e a qualidade de vida das populações. De novo, está mal! Uma cimenteira pode ser limpa. Basta investir e isso já é obrigatório até. E, de passagem, recordo-me de quando um projecto de uma nova máquina de papel em Viana/Ponte de Lima ia “destruir” o bucólico rio Lima.

Há apenas um aspecto que pode não ser pacífico e que nem se aplica a Balboa que está 50 km para lá da fronteira. É o impacto visual. Se as emissões e os efluentes são medidos e tratados, uma grande unidade industrial pode estragar o “ambiente” do ponto de vista estético. Um dia alguém há-de pensar e legislar sobre a integração paisagística destas e doutras coisas como antenas, aerogeradores, etc.

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