22 novembro 2008

Ainda a essência da avaliação

Quando aqui atrás referi parecer existir algo de errado na contestação dos professores e que o importante era encontrar-se a humildade necessária, dos dois lados evidentemente, para ultrapassar a questão, o desenvolvimento recente só o confirma.

A ministra deu um passo e recuou nalguns pontos. Para não perder a cara disse que se mantinha o essencial. Obviamente que os sindicatos poderiam ironizar e passar por cima dessa “opinião” paliativa. Que diz o Sr. Mário Nogueira, que está prestes a substituir o Sr. Picanço no topo dos meus sindicalistas mais queridos? Que, como a próprio Ministra reconhece que a essência não mudou, a luta continua. Não vi em lado nenhum nada de concreto e objectivo do tipo: “estamos de acordo com estas alterações mas deve-se acrescentar ainda esta, aquela e a outra!”. Não! É uma questão de essência e começa a cheirar que a essência é mesmo o princípio da avaliação em si.

Ou seja, os professores querem e aceitam serem avaliados, mas apenas pelo modelo que eles próprios definirem. O próximo passo neste processo será os alunos exigirem, e obterem, que eles também apenas sejam avaliados pelo processo que eles próprios definirem… Será isto a essência da democracia?

3 comentários:

APC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
APC disse...

Carlos, a essência da democracia reside no poder dos cidadãos para tomar decisões políticas, e opõe-se à ditadura. O natural é que qualquer um de nós (cidadãos), pretenda ser avaliado de uma forma tida por justa, no exercício do seu papel. O inverso é que o não seria.

Carlos Sampaio disse...

Estou perfeitamente de acordo que os cidadãos devem ter o poder, só que para exercer o poder é necessário maturidade e responsabilidade. Pela caricatura, se as crianças tivessem o “seu poder” comeriam apenas hamburguers e batatas fritas o que convenhamos, se bem que irrepreensivelmente democrático, não seria de forma nenhuma bom a prazo.

Quando ao “povo” falta a maturidade, responsabilidade cívica, sentido de solidariedade social, visão ou formação, a democracia não funciona e essa é que é essa! Vive-se muito melhor numa Tunísia regida por uma ditadura do que numa Somália com os islamitas democraticamente eleitos. E, se D. João II fosse um democrata, nunca Vasco da Gama teria chegado à Índia. Aliás, noutro nível ainda, o democrático Bartolomeu Dias regressou depois de dobrar o cabo enquanto o autoritário Vasco da Gama foi até ao fim da empresa.

É em situações de crise, com toda a gente a continuar exigindo hamburguers e batatas fritas, quando é absolutamente necessário mudar de dieta, que as ditaduras se instalam. E é bem possível que estejamos a entrar numa fase dessas. Continuemos pois alegremente a lutar e a reivindicar...