09 junho 2007

Villeneuve, 25 anos depois



Este fim de semana corre-se o GP do Canadá no circuito Gilles Villeneuve e este ano comemoram-se 25 anos sobre a morte do piloto canadiano. Villeneuve nunca foi campeão do mundo. Do ponto de vista dos resultados obtidos fica muito atrás da frieza e da eficácia de um Prost ou de um Schumacher. Do ponto de vista de inspiração também esteve longe dos estados quase sobrenaturais de Senna, principalmente quando este corria à chuva.

No entanto, 25 anos depois, a F1 ainda está órfã do Gilles. O que tinha de diferença? Entusiasmo, determinação e entrega. Imagens que ficam. Um grande prémio, salvo erro da Holanda, em que insiste em regressar às boxes depois de perder uma roda, arrastando-se pela pista, para efectivamente lá chegar, mas já com metade do carro pousado no chão. Não serviu para nada, mas fica aquela coisa do “tem que ser”, sendo que o “tem que ser", não "tem que ser necessariamente racional”.

Não se apagam também da memória aqueles momentos alucinantes do final do grande prémio de França de 1979 em que ele e René Arnoux se ultrapassam mutuamente, num crescendo de audácia e temeridade. Momentos empolgantes, únicos e, principalmente, com uma correcção irrepreensível, sem uma única manobra suspeita. Bastante longe de cenas futuras com os grandes campeões seguintes, em que os cálculos de pontos a ganhar e a perder, provocaram várias vezes guinadas estranhas de volante, que muito beneficiaram o “guinador”.

Visitei em Maranello a “galeria”/museu Ferrari e, aí também, apesar do seu curriculum objectivamente pouco recheado, Villeneuve é uma figura central. Porque há valores para lá dos resultados frios e porque um valor grande sempre será a generosidade. Villeneuve foi um dos meus heróis e não me perguntem porquê. É que aquele Ferrari tinha um espírito diferente de todos os outros carros.
Foto googleada em 3º ou 4º mão, sem registo do original

4 comentários:

Maria Manuel disse...

Há ou havia...? Sinto que a frieza dos nºs/resultados se impõe cada vez mais e cada vez mais "transversalmente", assim como se impõem, naturalmente, as vozes dos seus defensores... :-((

Carlos Sampaio disse...

MM

Havia e haverá sempre valores para lá dos resultados frios, ou, por outras palavras, há resultados que não se quantificam facilmente.

Não esquecendo, no entanto, que sem resultados frios não há "pão nosso de cada dia", necessidade não exclusiva mas indispensável.

Por último, para ficar para a história sem resultados frios, é preciso ser mesmo excepcional.

Anónimo disse...

Hoje em dia fico um pouco triste quando vejo as corridas de F1 (já não as vejo pois não tenho TV Cabo...). Há alguma coisa que mudou. Antes havia mais garra, mais carisma, mais emoção, será que o problema é meu? Idade talvez? Já não sinto o mesmo entusiasmo que sentia na década de 80 e 90...
HP

Carlos Sampaio disse...

HP

Pode ser da idade também, mas não há dúvida que esta fotografia que "pesquei" para ilustrar o texto transmite uma emoção e um entusiasmo que, acho eu, há muito não se encontra.