Não resisto em voltar ao tema…
Sabendo que assim como não há maior cego do que aquele que
não quer ver, também é difícil desenganar os que aos enganos estão predispostos,
mas tento…
Em primeiro lugar quem perdeu foi a esquerda comunista. Aqueles
que achavam ser o PREC um bom caminho para um bom destino, perderam e ainda
bem. Como se costuma dizer, é possível ser comunista num regime livre, mas é
impossível ser livre num regime comunista. E podem agradecer o PCP não ter sido
ilegalizado, já que se o desfecho fosse outro, a sorte seria provavelmente diferente
para os seus opositores.
Esta data não resolveu tudo, mas fui a última tentativa de
intentona e a consolidação da legitimidade democrática, que não é pouca coisa.
Na baralhação que se faz agora, até nem se sabe bem quem precipitou os acontecimentos.
Umas dúzias de paras descontrolados que deram a desculpa para a direita reagir
em força?! Mário Soares seria então na altura de direita? Quero acreditar que
se o sucesso tivesse ficado no outro lado, não haveria esta narrativa da orfandade
de liderança e saberíamos muito bem quem mandava em quem.
Visitando o que se passava no país nessa altura, era óbvio
que alguma coisa teria que acontecer e as relações de poder serem clarificadas.
Aqui, no desfecho da clarificação, há a assinalar uma outra importante vitória,
que é do bom-senso e razoabilidade que evitaram um banho de sangue. Com toda a
tensão existente, armas em circulação e posições extremadas, não faltava nada
para se despoletar uma violenta guerra civil. Esta não aconteceu e a sensatez
que prevaleceu de todos os lados, foi uma grande vitória da sensatez do povo
português, que muitas vidas poupou. Parabéns!
2 comentários:
E não esquecer que o conselho da revolução continuou ativo até 1982 .
Sim, a legitimidade democrática não ficou completa e totalmente logo estabelecida, mas ficou apontado o caminho para aí chegar mais tarde.
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