21 setembro 2021

Sobre Homens e Humanidade


É relativamente fácil elogiar os mortos. São previsíveis e não há ricochete possível. Sobre os elogios póstumos a Jorge Sampaio, julgo, no entanto, que muitos não teriam tido dificuldade em o ter dito em vida do mesmo, sem receio de surpresas ou de golpes baixos. O Presidente da República, dentro dos seus defeitos e qualidades, incluía elevação e respeito por todos.

Jorge Sampaio não teria sido provavelmente um bom Primeiro-Ministro. Àquela do “Há vida para além do déficit” faltava “Sim, há, e chama-se falência e troika”. Como qualquer humilde contabilista doméstico sabe, gastar mais do que se ganha, acaba mal.

Apesar disso, há um nível de respeito por todos e de todos para ele, que não encontramos na geração seguinte dos, chamemos-lhe, líderes partidários, que nem dentro do mesmo partido se respeitam. Será que um ambiente de repressão, censura e de luta pela liberdade gera personalidades mais ricas e humanas do que a luta pela liderança na juventude partidária? Pois… E a solução passará por um novo período de ausência de liberdade?

Apesar de todos os sinais em contrário e de toda a pobreza intelectual e humana, carência de dignidade e princípios que vemos nas estrelas (?) ascendentes que nos anunciam, quero acreditar que não. Quero acreditar que o respeito por todas as opiniões e posições é e deverá continuar a ser um alicerce e pilar deste edifício em que vivemos. Falta sempre juntar a capacidade de gerar riqueza e de sustentabilidade económica, social e ambiental. Ter que passar por novo período de trevas para tal (re)afirmação seria triste.

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