01 fevereiro 2021

Vai ficar tudo bem?


 “Fia-te na virgem… e não corras!” Quando a primeira vaga da pandemia cá passou, ao de leve, todos se sentiram excelentes em sabedoria e competência, o povo que se assustou, teve medo e se auto confinou e o governo que concordou com o povo. Na prática não se sabia mesmo porque é que tinha corrido bem e adotou-se o autossatisfação do marinheiro que se julga o maior campeão do mar… quando ele está calmo e o vento de feição.

Mas o vento pode mudar e marinheiro que não se acautela … fia-se na virgem e não rema. Hoje é fácil apontar o que falhou em termos de preparação e atribuí-lo à impossibilidade de previsão, mas são coisas diferentes. A impossibilidade de prever não invalida a necessidade de preparar, pelo contrário.

O que estamos a assistir em termos de incapacidade de navegar num mar realmente agitado, não é novidade. O passado recente está pleno de exemplos de aselhice do Estado e, se não falarmos em coisas dramáticas como os incêndios e a proteção civil, podemos falar do caricato dos boletins de voto das últimas Presidenciais. Sobre o SNS e as suas limitações crónicas, só resta perguntar: resolveu-se esperar que o mar continuasse calmo e a tempestade milagrosamente ao largo?

Depois, temos as vacinas. Começou com a excessiva publicidade ao "irmos ficar bem". Depois, para lá da “esperteza” típica que não foi prevista, há detalhes como, por exemplo, não se ter planeado à cabeça o que fazer com as “sobras”, estranho nome  (e não falemos dos políticos prioritários porque isso alimenta o populismo!).

Acreditar que vai correr tudo bem, não preparar a sério e andar agora a pensar hoje o que se pode ainda proibir para amanhã, foi acreditar demais na virgem!

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