23 fevereiro 2017

O que está em causa

Na gincana “política”, habitual, da discussão do caso Centeno, há um cheiro de tribalismo, que não ajuda nada a iluminar o fundo da questão. Não é relevante se o défice foi bom ou mau, se se trata de, no fundo, defender uma CGD privada ou pública, ou de qualquer outro detalhe secundário neste contexto, por mais relevante que o seja noutro campo.

O que está em causa é que o governo quis contratar um profissional, não político, para uma dada função. Como em qualquer situação habitual em que o contactado não é um pau mandado, este terá dito “sim, nestas condições”, sendo irrelevante se essas condições apresentadas eram lógicas e justificadas ou inviáveis e estapafúrdias. Foram livremente apresentadas e, ao que tudo indica, aceites. Não passa pela cabeça de ninguém que A. Domingues tivesse avançado e assumido o cargo com esse ponto em aberto.

Aqui começa o verdadeiro problema. Sendo essas condições conflituosas com a moral púbica e a legislação em vigor, a reação foi: vamos cozinhar qualquer coisa, a ver se passa. Não passou e, em vez de singelamente assumir a falha, Centeno, não necessariamente o líder desta comandita, e companhia acharam por bem enganar o patego e atirar areia para os olhos de quem fez perguntas. E isso, chateia-me… (e o homem até podia ser prémio Nobel).

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