03 junho 2013

O mal de ser novo

O novo pacote fiscal, que traz a inovação de pretender reduzir a carga fiscal em vez de a aumentar, tem uma particularidade principal muito nociva e que é precisamente o facto de ser “novo”. O que um investidor valoriza é a estabilidade. Para alguém que pense em investir seriamente em Portugal esta não é uma boa notícia, pelo contrário. É a prova provada de que não se pode confiar nas regras existentes hoje, porque a qualquer momento podem mudar. E, como é óbvio, sem regras minimamente estáveis para o horizonte do investimento, ninguém gosta de ir a jogo.

Esta medida pode aliviar o esforço para projectos já pensado e planeados mas um investimento a sério, como nós precisamos, não é definido numa semana para durar um semestre. Pretender que relançar a economia e a confiança dos investidores se consegue com coisas assim, anunciadas hoje para terem efeito amanhã e depois de amanhã logo se verá, é demagogia ou ignorância.

Não sou economista mas posso ter a pretensão de fazer uma sugestão. Em vez de andarem com ideias novas com esta frequência assustadora, definam um quadro macro-económico e particularmente fiscal estável para um horizonte de 10 anos. É um grande desafio e que devia envolver governo e oposição. Para o desenvolvimento da economia, criação de emprego e isso tudo de que precisamos seria muitíssimo mais eficaz do que este tirar e a dar rebuçadinhos dia sim, dia não.

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