Começou em
Bem-vindos! Bem-vindos a este círculo dos compulsivos. Todos temos pulsões e compulsões, apenas a sua natureza e ponderação muda. Se as misturarmos e distribuímos na boa medida, seremos todos normais.
Se o objectivo era misturar e confundir, os efeitos começavam a aparecer. Ele já não conseguia imaginar claramente a Joana. Não que a esquecesse. Somente, ao pensar nela, por vezes, sobrepunha-se a imagem da mulher do traço e ao pensar na mulher do traço punha coisas nela que eram da Joana. Ambas eram mulheres, mulheres mesmo, que não precisavam de o dizer ou esclarecer, mas pouco mais tinham em comum. Misturá-las assim era demência ou, no mínimo, falta de respeito.
Ela tinha aprendido algo. Que no passado, quando riscava, fosse para se renovar, para interrogar, ou o que quer que fosse, tinha sempre a imagem do João sobre o seu ombro. Como se ele lá estivesse espreitando, omnipresente em toda a sua actividade. E é muito complicado viver com um ausente omnipresente! Agora era diferente. Ao desenhar encontrava-se muitas vezes realmente sozinha, de ela para ela. Como se, nesses momentos e apenas nesses momentos, tivesse feito o luto. Não sabia se o queria mesmo, o luto crónico pode servir de âncora contra derivas incontroláveis.
O círculo não andava bem. Tinham esgotado a apresentação das suas compulsões e sobre os outros dois ausentes nada mais conseguiam comentar. O moderador hesitava entre decretar o objectivo atingido e encerrar o grupo em sucesso ou prolongá-lo em simples tertúlia. Tudo dependia de qual seria a forma mais simples de manter a actividade. Resolveu arriscar. Apesar de poder ter que passar algum tempo antes de formar novo grupo, achou que o fulgurante sucesso teria mais impacto ao declará-lo de imediato do que se esperasse o respectivo definhar.
O seu anúncio não foi bem recebido. Todos tinham noção de que já nada de especial se passava mas não queriam desarmar. Pediram-lhe então para chamar de novo os outros dois. Ao fim e ao cabo é sempre necessário, em qualquer ambiente, existirem excepções que por antagonismo catalizem a solidariedade entre o resto. Chamemos-lhe bobos, exóticos ou simplesmente doidos. Funcionam como a pitada de tempero na salada social. Em demasia faz mal, se faltar fica insosso.
Se o objectivo era misturar e confundir, os efeitos começavam a aparecer. Ele já não conseguia imaginar claramente a Joana. Não que a esquecesse. Somente, ao pensar nela, por vezes, sobrepunha-se a imagem da mulher do traço e ao pensar na mulher do traço punha coisas nela que eram da Joana. Ambas eram mulheres, mulheres mesmo, que não precisavam de o dizer ou esclarecer, mas pouco mais tinham em comum. Misturá-las assim era demência ou, no mínimo, falta de respeito.
Ela tinha aprendido algo. Que no passado, quando riscava, fosse para se renovar, para interrogar, ou o que quer que fosse, tinha sempre a imagem do João sobre o seu ombro. Como se ele lá estivesse espreitando, omnipresente em toda a sua actividade. E é muito complicado viver com um ausente omnipresente! Agora era diferente. Ao desenhar encontrava-se muitas vezes realmente sozinha, de ela para ela. Como se, nesses momentos e apenas nesses momentos, tivesse feito o luto. Não sabia se o queria mesmo, o luto crónico pode servir de âncora contra derivas incontroláveis.
O círculo não andava bem. Tinham esgotado a apresentação das suas compulsões e sobre os outros dois ausentes nada mais conseguiam comentar. O moderador hesitava entre decretar o objectivo atingido e encerrar o grupo em sucesso ou prolongá-lo em simples tertúlia. Tudo dependia de qual seria a forma mais simples de manter a actividade. Resolveu arriscar. Apesar de poder ter que passar algum tempo antes de formar novo grupo, achou que o fulgurante sucesso teria mais impacto ao declará-lo de imediato do que se esperasse o respectivo definhar.
O seu anúncio não foi bem recebido. Todos tinham noção de que já nada de especial se passava mas não queriam desarmar. Pediram-lhe então para chamar de novo os outros dois. Ao fim e ao cabo é sempre necessário, em qualquer ambiente, existirem excepções que por antagonismo catalizem a solidariedade entre o resto. Chamemos-lhe bobos, exóticos ou simplesmente doidos. Funcionam como a pitada de tempero na salada social. Em demasia faz mal, se faltar fica insosso.
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