13 março 2008

Berbere, Cabil



Berbere. Designação genérica para um conjunto de povos do Norte de África que já lá estavam quando os romanos passaram e que não absorveram a cultura greco-romana. Os mais famosos são os tuaregues, nómadas do deserto, de cor escura. Mas não só. Em muitas zonas montanhosas do Magreb existem outros berberes e alguns até geneticamente muito próximos de nós.

Os que mais dão que falar são os Cabiles, de uma zona montanhosa a leste de Argel, na direcção da Tunísia. Com a chegada dos árabes arabizaram-se, mas muito à superfície. À colonização cultural francesa também resistiram. Nunca gozaram de autonomia sustentada. Parafraseando uma expressão dum outro contexto: nunca se governaram nem nunca se deixaram governar. Uma cultura forte com língua própria, Tamazight, e um lema em que se identificam como o “homem livre”.

O seu "José Afonso", Lounes Matoub, é assassinado em 1998, sem se saber bem se por islamistas ou se pelo "poder", incomodado pela sua postura contestatária. Para os seus admiradores a dúvida persiste. Um forte movimento popular de 2001 fez desaparecer da zona todos os sinais de autoridade: polícia, exército, etc. Só anos depois lenta e discretamente regressaram. Este contexto e a natureza montanhosa tornaram a região num covil por excelência dos terroristas islâmicos, que em geral não são gente daquelas paragens. Actualmente é a zona com maior actividade. Ontem mesmo vi a notícia de ter sido abatido um “terrorista de 17 anos” em confrontos com o exército.

E tudo isto apesar de os habitantes locais assumirem um distanciamento relativamente à religião superior à média do país. Frase habitual: “muitos “árabes” bebem às escondidas; os cabiles assumem-no”.
E as mulheres vestem roupas tradicionais como estas que as fotografias documentam!

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