Se desde Afonso III e a conquista definitiva de Silves passou a existir rei de Portugal e dos Algarves, se hoje o antigo ocidente do Andaluz é simplesmente uma província do país, aquela terra, para lá dos montes de Monchique e Caldeirão, continua a ter algo de diferente.
Não sou do tempo do Algarve virgem, das pequenas aldeias e portos de pesca, sem as urbanizações e demais aflições. Sou do tempo em que a viagem, no verão, pois claro, incluía uma travessia árdua de longas searas escaldantes em estrada nacional e sem climatização para amenizar. Era muito longe, reforçando o exotismo e o exorcismo dos arrepios das ondas e vagas do atlântico mais a norte.
Não sou daqueles para quem verão e Algarve são sinónimos, pelo contrário, mais facilmente me ouvirão dizer, “Tudo menos Algarve”. Apenas para Sol e praia não me mexo.
Ao contrário do restante ex-Andaluz, o património histórico é bastante limitado. Para lá de uns pequenos cantos reservados e umas ruínas em Sines ou Aljezur, nada disto tem paralelo com a exuberância do outro lado e descontando já de caras o Alhambra.
No entanto, de vez em quando, por lá passo, indeciso entre a espetacularidade natural do barlavento e a tranquilidade do sotavento. Dois qualificantes geográficos exclusivos do pequeno reino. Ficam sentimentos misturados. Se, por um lado, a devassa urbanística e de frequentação são impossíveis de ignorar e de facilmente aceitar, por outro lado, aquele ar, aquelas águas, têm um embalo e um encanto que se colam.
No momento do regresso, quando se aponta o Norte, para vencer a serra, agora com as novas facilidades da autoestrada e do ar condicionado, há um sentimento de realmente deixar qualquer coisa de diferente. Entre “Tudo menos Algarve” e a qualquer coisa que por lá fica na partida, nem sei que diga.
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