16 dezembro 2011

Saber gastar, saber poupar

Na ressaca dos excessos do consumo público em que vivemos, é conclusão evidente que o Estado não soube gastar. Fazer uma larga requalificação urbana na cidade do Porto e arredores e esperar que seja o “andante” a pagar, investir na modernização da linha do Vouga e a seguir encerá-la … são apenas exemplos.

Agora que é necessário poupar, parece-me que também não está a saber poupar. As reduções devem ser baseadas em indicadores e rácios e, naturalmente, serem mais veementes para quem gasta proporcionalmente mais. As reduções cegas são mais rápidas de implementar mas potencialmente muito injustas.

Imaginemos duas entidades análogas. A “A” já tinha feito o trabalho de casa e tem uma estrutura ajustada e uma organização equilibrada e eficaz; a “B” mantém-se tranquila, pouco produtiva e com as suas gorduras estruturais. Vem o corte cego, igual para todos e o que acontece? A “A” vê-se e deseja-se para o conseguir cumprir devido ao seu ponto de partida mais apertado; a “B” com alguma facilidade lá corta algumas gorduras e alcança o objectivo. Quem fica bem e quem fica mal na fotografia?

Eu sei que dá muito mais trabalho definir indicadores relevantes, analisar rácios e definir objectivos, mas essa é a única forma de ser justo e nos tempos que correm a injustiça é muito difícil de insuportar
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