23 maio 2009

A perigosa profissão de alfaiate

José Tomás é um bom alfaiate. Francisco Camps um notável do Partido Popular, presidente da Comunidade Valenciana e vaidoso. Francisco Correa um homem de negócios.
E, ainda, há um tal de juiz Baltasar Garzón que dispensa apresentações.

Tomás fez vários fatos, e bem feitos, para o exigente Camps e outros notáveis do PP. Camps não os pagava. Aparentemente Camps tinha contas abertas com Correa que o faziam credor. O pagamento de uma média de 30 000 euros cada seis meses destas prendas a Camps e a outros era feito por empresas ligadas a Correa, frequentemente com maços de notas de 500 Euros, as famosas que o comum dos cidadãos nunca viu mas que têm uma utilização recorde em Espanha. As facturas naturalmente não referiam fatos para Camps.

E Baltazar Garçon lança a Operação Gürtel para investigar uma tramóia de negócios particulares em torno do PP de Madrid e de Valência. São teias complicadas e o importante é encontrar uma ponta por onde pegar. E a ponta que apareceu foi a do alfaiate. Foi convocado e contou ao juiz tudo que sabia e com detalhes. Enquanto prestava declarações, Camps, extremamente nervoso, tentou ligar-lhe inúmeras vezes, sem sucesso, para saber e condicionar o que ele iria depor.

No dia seguinte ao da audiência Tomás foi despedido. Atribuíram-lhe a responsabilidade das facturas “falsas”. Correa está em prisão preventiva. Camps é acossado no parlamento valenciano e declara-se vítima.

O curioso é que considerando o que está em jogo, meia dúzia de fatos mesmo a 2000 Euros cada um, não são nada. Mas são a ponta do iceberg a que todos se agarram com motivações diferentes: uns para expor, outros para anular. E, assim, um alfaiate torna-se figura de primeiro plano em tamanho enredo. E, como muitos almoços, há prendas que também não são nada grátis.

Imagens do El País

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