03 outubro 2008

"Um dia chove, outro dia bate Sol"




Há aquela imagem dos habitantes de uma aldeia nos confins da África árida, martirizados pela falta de água, que quando vêm um esboço de uma nuvem no horizonte, desatam a cantar e a dançar “Vem chuva, vem chuva!!!”.

Infelizmente a euforia não dura muito, porque rapidamente a nuvem se dissipa e ficam de novo entregues à angústia e à inclemência da secura.

É disto que me lembro quando vejo o histórico da evolução do PSI 20, conforme imagem acima. A diferença é que aqui ninguém chega mesmo a “ver” um sinal de mudança que dispare o optimismo. É muito mais difuso. Até pode haver uma notícia má, mas como na véspera já “tinha sido descontada” e o facto de não ser pior do que o previsto, já se torna positivo e pode servir para animar. Enfim, o desespero raramente é racional.

O que se está assistir é a um fim de festa, tipo esquema D. Branca a cair. Com uma diferença, ilustrada por outra imagem.

Se alguém assassinar uma pessoa será severamente julgado e sofrerá a pena máxima sem piedade; se matar uma dúzia de pessoas pode ficar unicamente pelo internamento num hospital psiquiátrico; se matar uns milhares, com um pouco de sorte, pode ficar apenas com um exílio (isto é anterior ao TPI).

Quando a D. Branca cai, azar dos ingénuos que ficaram a arder. Quando são tantos e tantos bancos, o super liberal estado americano propõe-se digerir os cacos (evidentemente que não estão apenas em causa os “bancos”; as ondas de choque chegarão muito longe).

Neste momento não sei se o tal pacote de ajuda estatal será aprovado ou não, mas uma coisa sei: não se irá aprender. Depois do estouro da Enrons e afins que disciplinou as empresas cotadas e depois deste estouro que irá pôr alguma ordem nestes “financiamentos de risco”, alguma coisa será criada para dar a ilusão de crescimento que um balão a ser cheio de ar transmite. Estava mesmo, mesmo excelente no segundo antes de estourar. Os investidores criativos e os jogadores financeiros não acabarão.

PS: E era por aqui que diziam que eu devia aplicar as minhas poupanças para a reforma porque o Estado podia falir? Sim…. sim…

Sem comentários: