05 julho 2008

Viver no porta-aviões

Quando da ponte de uma traineira o patrão anuncia “ondulação a bombordo” e o marinheiro que está lá à frente na proa se apercebe que, na realidade, as ondas vêm de estibordo, é obrigado a contradizê-lo e o patrão é forçado a ouvi-lo. Porque, se realmente orientaram mal o barco, há o risco de irem todos ao fundo. Por isso, o patrão tenta informar-se bem e necessita ter confiança absoluta no que a equipa lhe transmite. Há também a alternativa do patrão ir à proa ver ele mesmo tudo pessoalmente, mas esse é ainda outro enquadramento.

Num porta-aviões quando o comandante anuncia “ondulação a bombordo” e o marinheiro na proa vê as ondas chegarem do outro lado, prudentemente encolhe os ombros e faz de conta que confirma. Quando mais tarde se verificar o erro, pode sempre dizer “Parecia mesmo, mesmo, que vinham de bombordo, comandante!”. A navegação nessas condições pode não produzir os resultados ideais, mas a integridade do navio não está ameaçada, pelo menos a curto prazo.

4 comentários:

Maria Manuel disse...

Aproximação à alegoria...
Resta saber a representatividade exacta das traineiras e dos porta-aviões: empresas? Países?... Qualquer organização de pequenas/médias ou grandes dimensões?...
Mas haverá continuação, não? ;-)

Carlos Sampaio disse...

MM

A representatividade pode ser a que se entender e se quiser. Até pode nem passar da traineira e do porta-aviões.. :) !

Quanto à continuação, tudo tem continuação, de uma forma ou de outra...

(resposta demasiado alegórica?...:) )

Paulo Da Custódia disse...

Para quem anda nestas coisas, sei bem o que o Carlos quer dizer, nós como marinheiros temos de saber a todo o momento se é boa escolha encolher os ombros... é dificil.

Carlos Sampaio disse...

Paulo

E é particularmente complicado passar de uma traineira para um porta-aviões.