Nesta data não houve uma revolução nem um corte definitivo com a tutela do MFA e do Conselho da Revolução sobre a vida política nacional, mas um passo importante para a consolidação de uma coisa chamada democracia e o fim da chamada “legitimidade revolucionária” que tantas ditaduras neste mundo instaurou, quando os (alguns) que lutaram contra um opressor se arvoram em “legítimos” herdeiros e donos do poder…
Do PS incluído para a direita, todos os partidos apoiaram o
movimento. À luz das eleições constituintes de abril de 75, cerca 72% do
eleitorado. Nas presidências do ano seguinte, o comandante operacional do
movimento, Ramalho Eanes, é eleito Presidente da República à primeira volta com
62% dos votos. Ao longo dos anos, a esquerda pró-soviética e a extrema-esquerda
nunca foram muito mais longe do que isso; hoje até são bastante menos.
Porque haveria de haver agora polémica com a data? Basicamente
porque o projeto de poder do PS, a partir de 2015, inventou um alinhamento de
forças e supostos princípios comuns com uma ampla “esquerda”, onde se incluem
órfãos de Estaline e admiradores de Maduros… O PS de 1976 e de Mário Soares
sabia que o PCP e Cunhal não eram democráticos e, se o espírito democrático
permitiu que o PC continuasse a existir e a ir a votos, era importante
impedi-lo de concretizar um projeto totalitário (olhe que sim, olhe que sim…)
Portanto, o PS deverá clarificar e definir-se. Ou é democrata,
defensor da liberdade e condena inequivocamente os apetites autoritários dos
herdeiros de Cunhal, ou assume efetivamente que tem algo em comum com eles e
que o alinhamento na esquerda geringonça é ideologicamente genuíno.
Ou, então, deveria dividir-se em dois… senão, parece-me que
anda uma metade a enganar a outra. Viva a democracia!
Atualizado a 27/11 com cópia da publicação no Público
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