O caso das gémeas luso-brasileiras tem uma dimensão enorme e escandalosa, pelo valor do tratamento, pela forma expedita como a ele tiveram acesso, pelo estatuto dos facilitadores e pelo interesse da seguradora que se salvou de pagar um tratamento caríssimo.
Sobre isto, já se sabe o suficiente para serem tiradas as
necessárias ilações éticas, políticas e eventualmente criminais. Não é minha
intenção agora aqui fazer chover no molhado.
Mas, sem esta proporção, quem nunca apelou a uma ajudinha
para ter acesso a um serviço ou ser mais bem tratado no SNS? Quem angustiado
face a uma necessidade urgente não hesitou em fazer um telefonema e procurou
uma atenção especial para si ou para os seus…? Talvez sobrem poucos para atirar
a primeira pedra. Talvez porque, com ou sem razão, ficar na fila comum seja
entendido como não suficiente para um tratamento atempado e cuidado.
Mais uma vez, insisto que o caso das gémeas está numa
órbitra muita diferente de alguém que telefona à enfermeira de serviço a pedir uma
especial atenção com quem está internado na cama X.
Convém realçar que quando se fala em igualdade no acesso e
direito à saúde é também disto que se está a falar. O sistema deveria ter
eficiência e reatividade para os cidadãos se sentirem confortáveis na fila
comum, sem tentações para a furar. Isso seria num país a sério…