2) O contexto histórico
É importante analisar os acontecimentos históricos dentro do contexto em que ocorreram. Neste caso, o marxismo nasce em meados do século XIX, um período de mudanças políticas e sociais enormes. Há a consolidação da revolução industrial que traz um enorme desenvolvimento e enriquecimento, não muito bem distribuído; há a transição do absolutismo para o liberalismo, com avanços e recuos.
Não há revoluções todos os dias, mas a frequência é elevada. Por exemplo, em 1848 houve uma “primavera dos povos”, com revoluções e perturbações simultâneas em França, Áustria, atuais Itália e Alemanha, Irlanda, Suíça,
Hungria, além de outras instabilidades na América Latina.
França que desde a sua revolução de 1789 foi uma espécie de
laboratório de ensaio destas convulsões, tem o seguinte histórico de transições
no século XIX.
1789 – Revolução inicial
1792 – Primeira República
(1793-1794) Terror de Robespierre e jacobinos
1799 – Consulado Napoleão Bonaparte
1804 – Primeiro Império (Napoleão Bonaparte)
1814 – Restauração monarquia Bourbon
1820 – Revolução e instituição da monarquia de Orleães
1848 – Revolução e instauração da Segunda República
(Luís Napoleão eleito
Presidente da República)
1851 – Luís Napoleão instaura Segundo Império
1870 – Queda de Luís Napoleão e instauração da Terceira
República
Portanto: em 100 anos, como regime, temos 3 monarquias, 2
impérios e 3 repúblicas. Alguns destes eventos tiveram repercussões no resto da
Europa, como especialmente o de 1848, acima referido. Curiosamente Portugal foi
poupado a essa data porque, frescamente saído da guerra da Patuleia, era cedo
para novos transtornos.
Voltando ao marxismo, pode-se entender que neste período em
que “tudo acontecia” seria “normal” imaginar, especular e propor uma forma
radicalmente diferente de organização política, económica e social, que nunca
tinha sido tentada e que poderia ser a “solução” que faltava encontrar.
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