Está feita voz corrente que o futuro dos automóveis passa
pela eletricidade, com alguns construtores a anunciarem mesmo o fim dos motores
de combustão. Para já, vamos pôr de lado a questão da origem dessa energia
elétrica. Em Portugal, atualmente, cerca de 60% é de origem renovável e veremos
até que ponto o aumento do consumo será superado pelo crescimento da produção
renovável, de forma a a mobilidade elétrica ser efetiva e globalmente zero emissões
(e nuclear free).
A questão aqui é do ponto de vista do utilizador “normal”,
não aquele que se interessa por monstros “amigos” do ambiente com algumas
centenas de cavalos. Vamos imaginar um automóvel elétrico simples com autonomia
de 200 a 300 km. Carregar em casa numa tomada standard, poderão ser cerca de
6 km de autonomia por hora de carga; numa noite de 8 horas, ficará pelos 50 km… utilizando uma tomada especifica reforçada (Wall box), depende da potência
contratada e do carregador no veículo. Para 7 a 8 KW, serão 20 a 30 km por hora
de carga e atingirá os tais 200 km de autonomia no dia seguinte pela manhã.
Se a rotina de utilização for compatível com a carga diária
noturna, perfeito. Se pontualmente ultrapassar, mas em contexto conhecido, onde
se possa identificar com alguma segurança onde recarregar durante o dia,
eventualmente num carregador rápido, também passa. O problema é pensar em
aventuras: “Vou passar um fim de semana
ao Alentejo”; “Vou até Madrid”. Aí, será necessário planear muito bem por onde
passar, onde dormir e esperar que os carregadores com que se conta estejam
operacionais e disponíveis. E não se poderá mudar facilmente de ideias ou de itinerário
sem reavaliar a viabilidade.
Pode o futuro mudar com a evolução das baterias. Veja-se o
caso dos camiões que para longas distâncias transportariam quase tanto peso de
carga útil como de baterias. Pessoalmente tenho dúvidas quanto a assistirmos a
um desenvolvimento espetacular na área tecnológica, neste campo. Talvez fosse mais interessante
atingir alguma estandardização e, por exemplo, trocar de bateria de vazia para
carregada, como se troca uma botija de gás. Talvez mais promissor possa ser o
hidrogénio, mas ainda é cedo.
Neste contexto tecnológico e com o balanço do consumo de
energia elétrica/produção de renováveis longe de estar garantido, parece-me pouco
fundamentada esta vaga radical de decretar a morte dos motores de combustão.
2 comentários:
Para alem de uma questão básica ainda por resolver que é a disponibilidade de potência. Em pleno inverno,muito frio, sem sol e sem vento,só hidricas?Não chega.Espero que este desmontar das centrais térmicas esteja bem estudado.
Sem problema... vamos fechar o carvão em Sines e produzir lá hidrogênio verde... resmas de bilhas, até iremos exportar!
Bom... se fecharmos o térmico de combustivel fóssil... teremos o térmico nuclear... se fecharmos os dois, não valerá a pena carregar no interruptor
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