01 julho 2017

E ainda o “coiso”…


Não resisti. Pelo que isto representa de “Portugal no seu pior”, pelo “por estas e por outras” é que não saímos da cepa torta.

1)      Para um concurso público desta importância e dimensão, apenas houve uma proposta. Não é normal. Estará relacionado com ter sido definido não apenas funcionalidade, mas também especificada uma tecnologia (Tetra), proprietária de um fornecedor/concorrente (Motorola) e um prazo para entrega de propostas muito curto?

2)      Um governo adjudicou, outro, de cor diferente, readjudicou com redução de preço e de valências. Comprar um veículo utilitário por 50 mil Euros é péssimo negócio; comprar o mesmo por 45 mil é melhor, mas continua a ser mau; comprar em alternativa um “papa-reformas” por 45 mil, é pior a emenda do que o soneto. Porque não se sabe exatamente o que foi alterado tecnicamente na segunda adjudicação?

3)      Em 2005 – 2006 já era claro o lado para o onde o vento soprava, tecnologicamente falando. A tecnologia usada pelas operadoras móveis iria enterrar o Tetra. Hoje isso está mais do que confirmado. Temos e pagamos um sistema frágil, caro e obsoleto.

4)      Das 4 unidades móveis de backup previstas, duas não estavam equipadas, uma tinha sido danificada na visita do Papa, há dois meses, e ainda não estava reparada, e a última estava em revisão na oficina. Isto pode parecer caricato, mas foi antes dramático.

5)      Para suprir a falta das estações móveis, o Estado encomendou agora, a correr, mais duas. É tão bom ter negócios destes. As coisas não funcionam como deviam, o cliente abre os cordões à bolsa e ainda se lucra com isso.

6)      Os donos do coiso dizem que ele “não falhou” e algumas antenas passaram apenas a “modo local”, que parece ser funcionar em “ilha”, sem ligação com o resto do mundo. É esta a performance esperada e necessária de um sistema destes? Vai uma aposta em que, quando a GNR enviou as pessoas para a estrada da morte, o sistema estava em modo arquipélago?

Não coloquei nomes de partidos, porque acredito não existirem diferenças fundamentais entre eles neste campo e parece-me estúpido e desrespeitador das vítimas discutir isto como quem discute penalties e foras de jogo. No entanto, se todos os condutores são azelhas, aquele que vai ao volante no momento do acidente tem responsabilidades acrescidas. Mas está “tudo bem” porque já foi encomendado e realizado um estudo evidenciando que a popularidade do governo não caiu depois disto. Que asco…

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