14 julho 2017

A Bastilha


Meu amigo, que acreditas que tudo deve mudar
Acreditas ter o direito de ir matar os burgueses
Se ainda acreditas ser preciso
Descer au fundo das ruas para subir ao poder
Se ainda acreditas no sonho da grande noite
E que aos inimigos, é preciso enforcá-los….

Diz-lhes, então, que mesmo sendo sincero
Nenhum sonho merece uma guerra
Destruímos a Bastilha e nada se resolveu
Destruímos a Bastilha quando era preciso amar-nos

Meu amigo, que acreditas que nada deve mudar
Acreditas ter o direito de viver e pensar como burguês
Se ainda acreditas ser preciso defender
Uma felicidade adquirida ao preço doutras felicidades
E se ainda pensas que é por estarem errados
Que as pessoas te cumprimentam em vez de te enforcarem

Diz-lhes, então, que mesmo sendo sincero
Nenhum sonho merece uma guerra
Destruímos a Bastilha e nada se resolveu
Destruímos a Bastilha quando era preciso amar-nos

Meu amigo, eu acredito que tudo se pode resolver
Sem gritos, sem sustos, mesmo sem insultar os burgueses
O futuro depende dos revolucionários
Mas dispensa bem os pequenos revoltados
O futuro não quer nem fogo, nem sangue, nem guerra
Não sejas daqueles que nos los irão trazer

Despachemo-nos de esperar
Caminhos para os amanhãs
Estendamos uma mão
Que não esteja fechada

Destruímos a Bastilha e nada se resolveu
Destruímos a Bastilha, não poderíamos antes amar-nos ?

Jacques Brel,em tradução livre

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