Por estes dias celebrou-se um aniversário da morte de
Francisco Sá Carneiro. Pondo de lado a vergonhosa incapacidade das instituições
em investigarem e apurarem a causa direta e a fundamental do atentado (ver aqui), pode ser
um momento de reflexão sobre o legado e personalidade de uma figura ímpar e
determinante numa fase critica da história do país. O livro acima representado
é uma interessante e instrutiva visita à sua vida e àqueles tempos.
Na altura era atacado como potencial fascista, quando o seu
combate era o de retirar a tutela dos militares sobre os partidos, extinguir o
Conselho da Revolução, rever a Constituição, e o aí decretado “caminho para o socialismo",
e permitir a reversão das nacionalizações brutais de 1975. Visto a esta
distância, estava errado? Certamente muito mais anti ditatorial do que aqueles
que disso o acusavam.
No ponto de vista pessoal a integridade e frontalidade como
assumiu a sua vida pessoal e amorosa são ainda hoje motivo de admiração. O
grande progressista Mário Soares não hesitou em lhe dar uma canelada quanto à
sua incapacidade de “governar a sua família”. Posteriormente, como primeiro-ministro,
recusou-se a fazer passar uma alteração legislativa que lhe resolveria o
problema do seu divórcio pendente, para não ser simultaneamente decisor e beneficiário.
Não convém olhar para Sá Carneiro como um imaculado herói
cuja morte prematura santifica. No entanto há no seu desprendimento, sinceridade,
irreverencia e clareza de princípios um exemplo que é importante realçar sempre
e especialmente nos tempos que correm. Recomendo o livro.
Sem comentários:
Enviar um comentário