A supremacia branca foi uma coisa inventada no espírito do “somos todos iguais, mas alguns são mais iguais do que outros”. A supremacia da esquerda é um conceito com alguma analogia, no sentido de que estamos em democracia, sim senhor, mas a esquerda é mais virtuosa do que a direita, nomeadamente pela sua defesa da liberdade, igualdade e solidariedade, contra uma direita autoritária e protetora dos grandes capitalistas egoístas.
Começando pela liberdade, ditaduras tanto de direita como de
esquerda infelizmente não faltam na história universal e digamos até que a
esquerda frequentemente convive mal com a democracia, quando os eleitores não
reconhecem a suposta bondade exclusiva dos seus propósitos. Recordam-se de por
cá, enquanto a direita apenas pretendia ter direito a existir e a ir a votos, a
“legitimidade revolucionária” da esquerda procurava condicionar os partidos,
cercava e pressionava a Constituinte e todos os discordantes eram liminarmente desclassificados
como fascistas?
Sobre a solidariedade há efetivamente algumas diferenças.
Convém recordar que não estamos nos tempos em que um azar na vida, pode condenar
a uma vida miserável toda uma família. Hoje, neste nosso mundo, se alguém tiver
um azar e partir uma perna, é tratado (com mais ou menos espera) antes de se verificar
a cobertura de um seguro de saúde ou um limite de cartão de crédito. Se a
empresa que alimenta uma família falir, isso não deve implicar fome e privações
para todos.
Agora, o que me parece é que essa solidariedade deveria ser tendencialmente
temporária e não estrutural. Numa sociedade sã, cada qual deve poder encontrar
os meios de viver dignamente sem necessitar de ajuda sistemática do Estado.
Os números atuais de mais de 40% da população a necessitar
de ajuda do Estado, não constituem uma realidade virtuosa, nem deveriam ser uma
bandeira a empenhar orgulhosamente por ninguém. Pelo contrário, representam uma
falência da capacidade de gerar riqueza e de cada qual conseguir pelos seus
próprios meios uma subsistência digna. A questão de base anda um pouco à volta
de se o objetivo é exterminar os ricos ou acabar com os pobres.
Para lá dos princípios, na atual prática da guerrilha política,
a invocação da suposta bondade e supremacia da esquerda, como ferramenta para
aceder e manter o poder, sem o mínimo interesse em resolver estruturalmente a
pobreza… é pobre e simples oportunismo.
Nota: Imagem da versão publicada, reduzida, para "caber"...
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