15 dezembro 2023

O soco da realidade


Dizia a Reuters um destes dias que neste ano de 2023 as estratégias ousadas dos fabricantes automóveis quanto a veículos elétricos (VE) levaram um soco da realidade. Aqui

E referem dois motivos que esfriaram expectativas, adiaram investimentos, reduziram os ritmos de produção e … preços. Um é obviamente o preço. Para lá dos clientes desafogados para quem 20 K Eur a mais ou a menos é um detalhe para o gosto de andar na crista da onda tecnológica e outros, também mediamente desafogados, que aceitam e lhes serve bem um VE como segundo carro… para o comum dos mortais o preço/capacidade conta muito, atendendo aos seus recursos limitados e necessidades de mobilidade.

Apesar de algumas benesses públicas, os VE ainda são caros e não sei bem se é aumentando ainda mais essas ajudas que a questão se resolve estruturalmente. Uma coisa é certa, muito sangue vai correr, muitos construtores irão sofrer (e fechar…), esperando que não cheguemos a ver um mercado basicamente achinesado e um pouquito teslizado…

O segundo ponto são as restrições do carregamento em termos de disponibilidade e tempo de espera, para quem não consegue vencer os percursos diários com uma única carga. Há uma dimensão de liberdade na utilização de um automóvel, e de prazer, que desaparece quando se passa o tempo a olhar para a evolução do nível da bateria e rezando ao santinho mais próximo para que o próximo posto de carregamento esteja ativo e disponível quando se lá chegar.

Outro ponto que ainda não está na primeira linha, mas que, já agora, acrescento eu, também vai chegar, são os custos de reparação/substituição de baterias após acidente. Substituir uma bateria amachucada por uma pancadita qualquer custa muito dinheiro e em solo ou partilhado em seguro, as faturas lá terão que ser pagas...

Atendendo ainda a todo o ciclo de produção de baterias, que de economia linear nada tem, atendendo à problemática da produção de energia elétrica que durante muito tempo não vai evitar a utilização de combustíveis fósseis… isto do acelerar a exclusividade dos VEs está um pouco coisa de bois à frente dos mesmos (com todo o respeito que merece a raça bovina).

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