O credo e a prática religiosa não são limitativos da plena integração
de um cidadão numa nação onde exista separação de poderes. Não são de forma
nenhuma impeditivos de o individuo seguir as regras existentes e reconhecer as
autoridades estabelecidas. Mas… a manipulação política da religião, assumida ou
dissimulada é uma tentação forte. Como se sem a componente religiosa a tutela
não fosse completa.
Em meados do século XVI, após um período conturbado
desencadeado pela difusão e aceitação das teses de Lutero, a paz de Ausburgo proporcionou
uma pacificação da Europa por algum tempo. Definia ela que a religião do povo seria
automaticamente a religião do seu príncipe, impondo assim uma paz pela
homogeneidade da fé. Pode ser prático e eficaz, mas a relação de cada um com a
transcendência deveria ser uma opção, até mesmo uma descoberta, individual e
não uma imposição da tutela.
Ainda hoje, as perseguições terríveis de que o pacífico Fan
Gong é objeto na China não se explicam senão pela necessidade de as autoridades
musculadas controlarem também a dimensão espiritual dos seus “súbditos”.
Pode a religião ser o ópio do povo, quando por algum poder
administrada, e pode ser também a sua libertação do mesmo quando é o cidadão
livre que a escolhe e assume.
Em resumo e em espécie de conclusão, o antissemitismo é, em
boa parte, uma componente e consequência do autoritarismo, que decreta que “os
judeus não são dos nossos”. As massas, por insegurança, inveja e/ou ignorância alinham
com alguma facilidade.
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