Em setembro de 1894 é encontrado um documento revelador de uma ação de espionagem militar em França a favor da Alemanha. A sua caligrafia é semelhante à de um oficial, até aí de carreira exemplar, de seu nome Alfred Defruys. Isso é suficiente para o julgar sumariamente, condenar grosseiramente, ser publica e humilhantemente destituído e deportado para a “Ilha do Diabo”.
Na prática havia mais do que a semelhança da caligrafia.
Defruys era judeu e o antissemitismo básico foi suficiente suportar a
“convicção” quanto à sua culpa. Posteriormente o verdadeiro culpado Estherhasy
é identificado, julgado e… ilibado.
Para lá do absurdo de as instituições militares terem
ignorado a busca da verdadeira origem de um grave problema, transmitir informações
sensíveis ao inimigo, o caso vai provocar uma polémica enorme, entre
aqueles absolutamente “convencidos” da culpa do judeu e os defensores do
direito à justiça. Entre estes últimos, Émile Zola, faz publicar um texto de
acusação, uma carta aberta ao presidente do país, acima reproduzido, o que lhe
vale um processo e respetiva condenação por difamação.
Com toda a pressão na opinião pública, Defruys é repatriado
do seu degredo na Guiana e julgado de novo… e de novo condenado.
O objetivo aqui não é relatar todo o caso, apenas evidenciar
como é possível tanta cegueira e injustiça popular e institucional contra os
judeus. Por serem responsáveis pela morte de Cristo…? Por inveja pelo seu
elitismo e relativo sucesso económico?
Pela prática religiosa e os fundamentos do seu credo em si
não o será certamente.
Continua para
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