De Lisboa a Vladivostok parece-me um pouco exagerado. Havendo poucas dúvidas quanto ao limite Atlântico a oeste, o Pacifico do outro lado é talvez um pouco exagerado.
Na definição da Europa e seus limites, mais importante do
que os meridianos geográficos estão os valores sociais e culturais e, citando a
chamada Constituição Europeia, “humanismo, igualdade de todos os seres,
liberdade, respeito pela razão”. A história da Europa teve fases brilhantes e
períodos sinistros, por vezes escassamente separados, como, em França, com a Declaração
universal dos direitos do homem e do cidadão em 1789 e o terror de Robespierre quatro
anos depois. Mais recentemente vimos barbaridades como a guerra civil espanhola,
aqui ao lado, o Nazismo na Alemanha e o Stalinismo na Rússia.
No entanto, nos últimos 70 anos, após o final da II Guerra
Mundial, a Europa parece ter-se estabilizado, reencontrado esses valores e citando
de novo: “respeito pela dignidade humana, da liberdade, da democracia, da
igualdade, do Estado de direito”. O que se está a passar na Ucrânia é uma clara
negação dos valores europeus. Para aqueles que se recusam a vê-lo, como não
viram o Gulag, cegueira ideológica é uma explicação algo benigna.
Trata-se antes de uma opção ideológica, veladamente assumida.
É não se reconhecer nos valores humanísticos europeus, promover a tal
“revolução” purificadora e a reversão deste regime que, sem ser ideal, é o
melhor que existe. Não é passivamente ignorar, é ativamente lutar por uma causa
perigosa.
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