Se ainda estamos longe de conhecer o desfecho e todos os efeitos da atual pandemia, questiono-me se esta brutalidade terá um efeito duradouro na forma como se encara o direito à saúde real dos cidadãos.
Na vertigem dos números e das solicitações a um SNS que antes
já não tinha muita folga, instalou-se a perceção na opinião de pública de que
ninguém deve ficar para trás e condenado por falta de meios. Ainda bem.
Curiosamente, no passado, morrer na lista de espera para uma
intervenção ou sofrer um sério agravamento de saúde por falta de tratamento a
tempo era considerado um “fatalismo”, que se lamentava, mas pouco
escandalizava. Acrescente-se ainda que essas situações faziam parte de um
quadro de solicitação regular. Não eram devidas a uma excecionalidade
imprevista.
Durante muitos anos não chocou sobremaneira o SNS não
conseguir atender razoavelmente a rotina. Hoje entende-se que mesmo para uma
situação extraordinária e sem precedentes é dramático não poder tratar toda a
gente. Como será para o futuro?
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