“Fia-te na virgem… e não corras!” Quando a primeira vaga da pandemia cá passou, ao de leve, todos se sentiram excelentes em sabedoria e competência, o povo que se assustou, teve medo e se auto confinou e o governo que concordou com o povo. Na prática não se sabia mesmo porque é que tinha corrido bem e adotou-se o autossatisfação do marinheiro que se julga o maior campeão do mar… quando ele está calmo e o vento de feição.
Mas o vento pode mudar e marinheiro que não se acautela … fia-se
na virgem e não rema. Hoje é fácil apontar o que falhou em termos de preparação
e atribuí-lo à impossibilidade de previsão, mas são coisas diferentes. A
impossibilidade de prever não invalida a necessidade de preparar, pelo
contrário.
O que estamos a assistir em termos de incapacidade de
navegar num mar realmente agitado, não é novidade. O passado recente está pleno
de exemplos de aselhice do Estado e, se não falarmos em coisas dramáticas como
os incêndios e a proteção civil, podemos falar do caricato dos boletins de voto
das últimas Presidenciais. Sobre o SNS e as suas limitações crónicas, só resta
perguntar: resolveu-se esperar que o mar continuasse calmo e a tempestade milagrosamente ao largo?
Depois, temos as vacinas. Começou com a excessiva publicidade ao "irmos ficar bem". Depois, para lá da “esperteza”
típica que não foi prevista, há detalhes como, por exemplo, não se ter planeado à cabeça o que fazer
com as “sobras”, estranho nome (e
não falemos dos políticos prioritários porque isso alimenta o populismo!).
Acreditar que vai correr tudo bem, não preparar a sério e
andar agora a pensar hoje o que se pode ainda proibir para amanhã, foi acreditar
demais na virgem!
Sem comentários:
Enviar um comentário