É a expressão que me parece mais adequada para caraterizar
as recentes eleições presidenciais. Falta de comparência dos dois principais
partidos que não entraram a sério nas mesmas. O PS “principal” queria Marcelo
reeleito, mas não o quis assumir, nem apresentar candidato próprio; Marcelo é PSD,
mas não quis assumir essa colagem ao seu partido. Não me recordo de ver nenhum
senador destes dois partidos a dar a cara ativamente na campanha. É assim tão
irrelevante o PR em Portugal? O eleitorado com o qual o PC e o BE contavam para
carimbar a presença ritual dos seus candidatos também não comparecerem conforme
as previsões. No caso do CDS a falta de comparência é mais funda, é da própria
liderança.
O Chega e a IL estão a capitalizar a sua recente visibilidade
no Parlamento e a sua “diferença”, nem sempre pelas melhores razões. Aliás, a
promoção feita de André Ventura, a partir de iniciativas com objetivo oposto, acabou
por se tornar o tema principal da campanha. Evoca-me a imagem de, face a uma
pústula, o doente a espreme, espalhando o pus e o mal, em vez de
verdadeiramente tratar a causa. Sendo este crescimento o fato mais relevante em
termos de evoluções futuras, algumas reflexões.
Os partidos unipessoais não têm muita perenidade e este hoje
vive todo do protagonismo exclusivo do seu líder. Não sei como o “mister” se
irá aguentar quando/se um dia precisar de mostrar uma equipa em torno dele, em vez
de apenas mandar algumas bocas algo assertivas e outras bazófias de mau
gosto/princípio. Candidatos excitados pelas cadeiras disponíveis que se pressentem
não devem faltar, mas de que perfil e com que efeito na identidade do partido? Lembram-se
do PRD?
O Chega não teve (terá?) sucesso pela tal ideologia de extrema-direita.
Essa era a do PNR de Mário Machado que nunca entusiasmou gente que se visse. Se
o Alentejo “Ainda há-de ser Chega!” é por outros motivos. Ignorá-lo é falta de comparência
ao diagnóstico sério.
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