O Vitinho passava na televisão a uma hora certa com uma mensagem que dizia às criancinhas: “Está na hora da caminha, vamos lá dormir”. As recorrentes e abrangentes restrições decretadas nestes tempos parecem-me num nível de tratar o povo todo como “Vitinhos”. Em março de 2020, quando a pandemia disparava sem se saber onde iria parar, na surpresa e incerteza generalizadas pode-se aceitar um grandes/incertos males, grandes (tentativas de) remédio.
Hoje, continua a ser necessário regulamentar comportamentos
e estabelecer restrições, mas já deveríamos estar num ponto mais afinado e seletivo,
menos bruto. Certo para alterações de horários de funcionamento, certo para
limitar reuniões, políticas e outras, certo para impor distanciamentos,
desinfeções e máscaras, mas … impedir a circulação ou a travessia de fronteiras
concelhias é abusivo quanto aos direitos e excessivo quanto aos efeitos. Se, por
exemplo, um sábado à tarde me apetecer ir ao Gerês apanhar ar, apenas isto, não
estou só por isso a potenciar o alastramento do Covid-19.
Alguém aceitaria ser linearmente proibido de conduzir ao fim
de semana para limitar acidentes rodoviários? Há regras elaboradas com esse
objetivo, mas não são de cortar o mal e a raiz. Existem vários exemplos de
comportamentos individuais irresponsáveis que podem pôr em risco terceiros, mas
mal estaríamos se o tratamento fosse a castração sistemática e um polícia em cada
esquina! Não, não queremos ser Vitinhos!
Atualizado em 04 01 com imagem da publicação no "Público".
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