10 janeiro 2021

O papel das elites

 

As inverosímeis imagens que vimos esta semana do Capitólio dos EUA constituem uma tentativa de golpe de estado. Uma multidão toma de assalto uma instituição fundamental do regime, com o objetivo de evitar pela força uma transição de poder legitima.

Obviamente que estamos nos EUA onde as instituições são sólidas e apesar dos 70 milhões que votaram Trump, os apoiantes destes métodos serão bastante menos, não sendo suficientes para a consolidação da revolução tentada.

Trump não pertence, se dúvidas ainda houvesse, ao universo dos habituais inquilinos daquelas paragens e instituições. Não se está a ver nenhum outro presidente efetivo ou potencial a comportar-se daquela forma. Mas, aí está a força (e a fraqueza) dele. Ao desconhecer o mínimo respeito pelas instituições e ao apelar aos seus apoiantes à mesma atitude, ele encontra ouvidos nos que entendem que as instituições e respetivos inquilinos habituais não os respeitam também.

A cura para este mal não passa por mais polícia, independentemente de neste caso ter sido insuficiente. A solução depende das elites e do seu trabalho responsável e sério de credibilização, de escuta, de humildade e de exemplo. Deixar arrogantemente a "escumalha" à deriva é armazenar pólvora que só espera a faísca, que se pode chamar Trump ou outra coisa qualquer, nos EUA ou noutro local do planeta. Vejam o perfil e curriculum dos atuais líderes que por aí andam e ouçam-nos a pedir respeito…

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