Cantava Caetano Veloso que alguma coisa acontecia no seu coração, que só quando cruzava a Ipiranga e a Avenida São João…
Noutras latitudes, outras músicas, ou mesmo sem música, mas
algo acontece no meu coração quando cruzo Passos Manuel e Santa Catarina, mesmo
sem rimas e com uma toponímia muito menos sonante. Dispensando considerações
arquitetónicas e históricas que não as sei fazer, aquele cruzamento tem algo
de especial.
De um lado a Batalha, o meu porto de chegada ao Porto,
durante muitos anos de transportes públicos; Santa Catarina, em boa hora
pedonal, que rasga a cidade e onde se ancora uma boa parte do comércio
tradicional; Passos Manuel que mergulha para o rio da Avenida, sendo que as
ruas no Porto vão muitas vezes desaguar a rios e vales. E a subida para os
“pobeiros” e para o porto mais profundo e popular, onde não há “spots”
turísticos de nota e a cidade pouco mudou. Ali ao lado o Coliseu, onde tantos
dias se ouviram coisas como o primeiro dia e a quem a cidade recusou o último
dia. E depois, ao dobrar da esquina, o majestoso Majestic, agora a fechar as
portas, indefinidamente.
A primeira reação é de um duplo lamento, pelo
desaparecimento daquele espaço, de uma riqueza única no género e pelo que
significa um café tradicional a menos na vida da cidade. Numa segunda vista, um
café que cobra 5 Euros por um café, não é um café social da cidade. É um local
a ser visitado por experiência, uma vez, em visita à cidade, que vive da
rotação das experiências e da cadencia das aterragens em Francisco Sá Carneiro.
Não seria possível “ter dado uma volta”…? Entre o Majestic fechado e o Imperial
McDo, nem sei que diga.
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